quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Restrição e Seletividade Alimentar no Autismo

Resolvi fazer um post sobre alimentação, pois é uma queixa muito frequente no consultório. Entretanto, não falarei sobre a dieta do tratamento biomédico (protocolo DAN).

Muitas crianças que apresentam diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo apresentam restrição e seletividade alimentar.

Na restrição, a criança quase não come, sendo portanto, restrita , podendo haver baixo peso e perda de crescimento de acordo com o esperado.

Já na seletividade, a criança tem um leque mais amplo de alimentos que come, entretanto, não segue o cardápio familiar ou da escola e faz exigências.

Muitas vezes, a seletividade pode ser pela textura, consistência, cheiro, apresentação e gosto do alimento. 

Outras vezes, comem com determinado familiar, mas não se alimentam apropriadamente na escola.

É comum algumas crianças com TEA só comerem alimentos de determinada consistência, por exemplo, só na forma de papinhas ou batidas em liquidificador. Isso atrapalha a inserção da alimentação sólida.

Outras crianças só comem alimentos fritos, outros apenas de determinada cor, etc.

Os maiores problemas da restrição e seletividade alimentar tem relação com ganho de peso, crescimento abaixo do esperado, dificuldade de seguir uma alimentação saudável, rotinas não funcionais impostas à família, e ainda diabetes, colesterol, carência nutricional.

O tratamento mais eficaz (que mostra comprovação científica) é através da abordagem comportamental, (Análise do Comportamento ou ABA), que, conhecendo o perfil da criança, pode traçar estratégias com objetivos específicos.

Um exemplo de objetivo a ser alcançado com uma criança com seletividade alimentar: 

  • Comer determinado alimento (recusado até então), em uma quantidade específica em determinada data.

Como cada criança é única, e o que leva cada uma a apresentar seletividade é muito específico, um profissional fará uma avaliação comportamental, e junto da família (treino parental), irá propor estratégias de modificação deste comportamento.

Cabe lembrar que os pais/cuidadores tem papel fundamental neste processo, pois quando a família está engajada os resultados aparecem mais rapidamente e são duradouros.