Resolvi fazer um post sobre alimentação, pois é uma queixa muito frequente no consultório. Entretanto, não falarei sobre a dieta do tratamento biomédico (protocolo DAN).
Na restrição, a criança quase não come, sendo portanto, restrita , podendo haver baixo peso e perda de crescimento de acordo com o esperado.
Já na seletividade, a criança tem um leque mais amplo de alimentos que come, entretanto, não segue o cardápio familiar ou da escola e faz exigências.
Muitas vezes, a seletividade pode ser pela textura, consistência, cheiro, apresentação e gosto do alimento.
Outras vezes, comem com determinado familiar, mas não se alimentam apropriadamente na escola.
É comum algumas crianças com TEA só comerem alimentos de determinada consistência, por exemplo, só na forma de papinhas ou batidas em liquidificador. Isso atrapalha a inserção da alimentação sólida.
Outras crianças só comem alimentos fritos, outros apenas de determinada cor, etc.
Os maiores problemas da restrição e seletividade alimentar tem relação com ganho de peso, crescimento abaixo do esperado, dificuldade de seguir uma alimentação saudável, rotinas não funcionais impostas à família, e ainda diabetes, colesterol, carência nutricional.
O tratamento mais eficaz (que mostra comprovação científica) é através da abordagem comportamental, (Análise do Comportamento ou ABA), que, conhecendo o perfil da criança, pode traçar estratégias com objetivos específicos.
Um exemplo de objetivo a ser alcançado com uma criança com seletividade alimentar:
- Comer determinado alimento (recusado até então), em uma quantidade específica em determinada data.
Como cada criança é única, e o que leva cada uma a apresentar seletividade é muito específico, um profissional fará uma avaliação comportamental, e junto da família (treino parental), irá propor estratégias de modificação deste comportamento.
Cabe lembrar que os pais/cuidadores tem papel fundamental neste processo, pois quando a família está engajada os resultados aparecem mais rapidamente e são duradouros.